15 maio, 2020

Presidente do Fortaleza enumerou fuga de receitas e usou de tom crítico ao falar do adiamento de repasses do patrocínio da Prefeitura
Cenário terrível. É assim que o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, define as perspectivas financeiras do clube para as próximas semanas. Em entrevista à Rádio Clube, na manhã desta quinta-feira, 14, o dirigente comentou sobre as dificuldades do momento e lamentou, em tom crítico, a suspensão de verbas públicas que o clube receberia a partir de maio.
Paz começou enumerando as receitas que se extinguiram ou diminuíram com a paralisação do futebol. “A Rede Globo diminuiu o pagamento nos três meses (abril, maio e junho) e a Turner não tem pagado aos clubes; não tem jogo, então não tem dinheiro de bilheteria, de bar, de estacionamento, de camarotes, de ações comerciais; quando tem jogo vende mais sócio, mais camisas, as loja funcionam melhor e nada disso está acontecendo; O programa de sócio-torcedor teve uma queda, a lojas estão vendendo bem menos, estamos só com o e-commerce; patrocinadores reduziam (pagamento), outros deixaram de pagar”, disse.

Nesse momento, o presidente tricolor citou o patrocínio da Prefeitura de Fortaleza, que saiu no Diário Oficial na segunda-feira, 11, mas teve pagamento suspenso no dia seguinte. “Alguns patrocínios que eram pra vir não virão mais por pressão, sobretudo o da esfera pública, que é legal, que é um dinheiro carimbado para o esporte, mas sempre aparece um “besta” para falar contra e tudo isso deixa a gente numa situação delicadíssima”, completou.

Segundo Paz, o valor que seria repassado pela Prefeitura pagaria três folhas dos funcionários do clube, sem contar os jogadores, o que significa quase 250 pessoas que ganham entre um e dois salários mínimos. “Ele estão com medo, porque estão vendo clubes gigantes com orçamentos maiores que o nosso demitir, mas nós estamos segurando. Aí na hora que aparece um recurso, legal, justo, lícito, que ocorre há 15 anos, vem alguém para fazer bobagem, para querer aparecer, faz pressão contra e deixa a Prefeitura numa situação delicada e principalmente os clubes numa situação delicada", desabafou, o presidente.

O dirigente argumentou ainda sobre a importância do futebol na economia do Estado. “Futebol é uma atividade que gera emprego, gera renda. Ano assado, no nosso, estado foram 38 grandes eventos que Fortaleza e Ceará proporcionaram, levando turismo. Se perguntarem, em dia de jogo, a taxistas, bares, restaurantes, rede hoteleira o movimento que um jogo de futebol traz, vão ver que é enorme. O futebol faz bem à economia e a imagem da cidade”, disse. Marcelo Paz reafirmou o compromisso de tentar não demitir ninguém em meio à pandemia, apesar das dificuldades e afirmou que este é o pior momento da gestão dele, do ponto de vista financeiro.

Recomendação


O patrocínio da Prefeitura, no valor de R$ 1,3 milhões para cada, repassado em quatro parcelas, está suspenso e só será pago quando passar a pandemia, mas, mesmo com o cancelamento dos repasses imediatos, o Ministério Público do Estado do Ceará (MP-CE) e o Ministério Público Federal no Ceará (MPF) emitiu recomendação para que o município se abstenha de pagar esses patrocínios até o fim de 2020.


O argumento dos dois ministérios é de que “Priorizar o futebol profissional em detrimento da saúde e demais direitos sociais essenciais à dignidade do ser humano, é espancar o princípio constitucional republicano e pode configurar, em tese, violação aos princípios que regem a administração pública”. A prefeitura tem dez dias para responder e o MP-CE junto do MPF advertem que se o documento for ignorado poderão tomar medidas judiciais cabíveis.
A reunião que definiu a renovação do patrocínio da Prefeitura aos clubes ocorreu no dia 28 de fevereiro.




O/Povo

Conmebol coloca Castelão entre possíveis palcos da final da Sul-Americana nos próximos três anos

Mentora do futebol sul-americano conheceu instalações do gigante cearense (que havia passado por reformas para a Copa de 2014) na partida entre Fortaleza e Indpendiente-ARG

Palco da Copa do Mundo de 2014, o estádio Castelão é candidato a receber a final da Copa Sul-Americana pelos próximos três anos (2021, 2022, 2023). O equipamento foi incluído pela Conmebol numa lista de possíveis locais para sediar as decisões dos torneios que promove.

No Brasil, o Castelão concorrerá com o Mané Garrincha, de Brasília, a Arena da Baixada, em Curitiba, o Beira-Rio, em Porto Alegre, a Arena Pernambuco, no Recife, a Fonte Nova, em Salvador e o Maracanã, no Rio de Janeiro.

Os concorrentes internacionais são: La Bombonera, Monumental de Nuñez, Pedro Bidegain, Libertadores de América, Presidente Perón, Único de Santiago del Estero (Argentina); Nacional (Chile), Monumental e Nacional (Peru), Rodrigo Paz Delgado (Equador).

Todos podem concorrer nos próximos três anos, mas é preciso se candidatar. Segundo o site da Conmebol, nos dias 25 e 26 de maio serão feitas videoconferências para tirar dúvidas sobre como preparar o dossiê de candidatura e esse documento deve ser apresentado dia 29 de maio.

Depois de avaliar os dossiês (informações e garantias), a Conmebol vai encaminhá-los para um conselho que definirá as cidades que continuarão na disputa. Os estádios dos locais escolhidos serão inspecionados e relatórios serão feitos para o mesmo conselho, que enfim vai decidir sobre os palcos das finais.

Nesta temporada, o Castelão recebeu a partida entre Fortaleza e Independiente, válida pela primeira fase da Copa Sul-Americana e teve um público de 52.555 torcedores. Na ocasião, a Conmebol teve oportunidade de examinar todo o estádio.

Desde 2019 que a entidade que rege o futebol sul-americano decidiu apostar em finais com jogo único e sede definida antes da competição iniciar. Para a final da Libertadores de 2020, por exemplo, já está escolhido o Maracanã, enquanto a final da Copa Sul-Americana de 2020 está marcada para o estádio Mário Alberto Alberto Kempes, na Argentina.




O/Povo

Plano para flexibilizar distanciamento social terá quatro fases, assim que a saúde melhorar; entenda

O plano para flexibilizar o distanciamento social no Ceará, após a situação da saúde pública ser controlada no Estado, será dividido em quatro fases, explicou nesta quinta-feira, 14, o secretário-chefe da Casa Civil, Élcio Batista. Segundo ele, a estratégia do Governo, que será apresentada oficialmente na próxima semana, será dividir as atividades em grupos prioritários, liberando primeiro o funcionamento de setores com baixo risco sanitário e alto impacto econômico ou social, informou em videoconferência com o grupo de empresários Lide Ceará.

Conforme a estratégia revelada por Élcio, após os setores serem divididos em quatro grupos, os integrantes da "fase 1" serão os primeiros a ter suas atividades flexibilizadas, com um intervalo de 14 dias para que os membros da "fase 2" passem pelo mesmo processo, e assim sucessivamente. Ele destacou, porém, que ainda não há uma data exata para que isso ocorra, tendo em vista que os números da saúde ainda são incompatíveis com uma flexibilização.

"O prazo de início será estabelecido pela Secretaria da Saúde, que criou três indicadores para serem levados em conta: número de leitos, internações e óbitos. Na medida em que a curva começar a ciar, teremos a oportunidade de entrar nessas fases do plano. O dia específico eu não sei", afirmou o secretário.

Sobre os setores que farão parte da "fase 1" do plano, Élcio afirmou que o assunto ainda está sendo analisado pelo Governo, mas que "toda a cadeia produtiva será levada em conta, da indústria, passando pelo comércio e chegando aos serviços". Conforme diz, a estratégia será apresentada na segunda, 18, ou terça-feira, 19. "A partir daí, essas atividades terão a previsibilidade que esperam", complementou.





D/N

MPCE instaura 43 procedimentos para avaliar gastos públicos com o novo coronavírus

Contratos do hospital de campanha do PV e de compras de insumos estão sendo fiscalizados

O Ministério Público estadual tem 43 procedimentos instaurados até esta quinta-feira (14) para fiscalizar como os recursos públicos estaduais e municipais estão sendo aplicativos no combate ao novo coronavírus, no Ceará. Há investigações em andamento em Fortaleza e no interior do Estado. 

Dentre as ações do MPCE, estão procedimentos para os contratos de instalação e gestão do hospital de campanha no Estádio Presidente Vargas e contratos de aquisições de respiradores, equipamentos de proteção individual (EPI) e outros insumos para o combate ao Covid-19, em todo o Ceará. 

De acordo com o órgão, os promotores de justiça e membros da Procuradoria dos Crimes contra a Administração Pública (PROCAP) acompanham atos e contratos administrativos para prevenir irregularidades e responsabilizar agentes públicos e privados. 

Também há apoio do Controladoria Geral da União (CGU), o Tribunal de Contas da União (TCU), do Tribunal de Contas do Estado (TCE), do Centro de Apoio Operacional da Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa (CAODPP) e do Grupo Especial de Combate à Corrupção (GECOC). 

De acordo com o Procurador-Geral de Justiça Manuel Pinheiro, todas as denúncias de irregularidades que chegam ao MPCE são checadas pelos promotores responsáveis. "Eles avaliam se há indícios mínimos que justifiquem a instauração de procedimentos e, quando decidem instaurá-los, podem solicitar a orientação e o apoio operacional do CAODPP e do GECOC", afirmou Pinheiro.





D/N

Setores de maior peso para economia serão os primeiros a voltar

Sem data estabelecida para o fim do isolamento social no Ceará, o chefe da Casa Civil reforça que aspectos econômicos estão subjugados aos indicadores de Saúde nesta decisão de retomada das atividades não essenciais no Estado
O plano de retomada das atividades consideradas não-essenciais no Ceará deve ser adotado em quatro etapas, com cadeias produtivas divididas em cada uma delas, de acordo com o chefe da Casa Civil do governo do Estado, Élcio Batista. Um dos critérios para escolher quem vai integrar as primeiras etapas é o impacto da atividade para a economia local, conforme detalhou ontem (14), durante live promovida pelo grupo de Líderes Empresariais do Ceará (Lide Ceará), o integrante do Executivo Estadual.

De acordo com o desenho da proposta para flexibili-zação do distanciamento social apresentada às lideranças empresariais, a retomada ou não das atividades será baseada nos critérios leitos, internações e óbitos. "Isso está sendo sistematizado e acredito que, até a próxima segunda-feira (18), a gente tem isso pronto para validar com o governador e, logo em seguida, apresentar a todas as pessoas", pontuou Élcio Batista.

Segundo o chefe da Casa Civil do Governo do Ceará, a retomada das atividades deve ocorrer em quatro fases, com diferentes cadeias produtivas divididas entre elas. A escolha de quais segmentos devem integrar os primeiros grupos a retornarem às atividades deve ocorrer baseada nos critérios "Risco Sanitário" e "Aspectos Econômicos e Sociais".

"Esse faseamento está todo estruturado em torno das cadeias produtivas aqui do nosso Estado, para que a gente consiga equilibrar demanda e oferta, ou seja, para que a gente não tenha o problema de a indústria voltar, produzir muito e não ter para quem vender com o comércio totalmente fechado, então a gente vem buscando um equilíbrio e entender qual será a melhor forma de fazer isso", explicou.

No critério "Aspectos Econômicos e Sociais", as empresas vão ser ordenadas conforme a magnitude do impacto que têm sobre a atividade econômica estadual, da maior para a menor. "A gente está buscando fazer uma média ponderada desses dois aspectos, econômico e sanitário, que é fundamental, que é o aspecto da saúde, e o econômico social, que é o impacto relacionado à atividade econômica com níveis de empregabilidade e, obviamente, com a geração de riquezas para o Estado", detalhou Batista.

O chefe da Casa Civil reforçou que a retomada gradual das atividades só deve ocorrer na medida em que as curvas dos três critérios estabelecidos pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) - ocupação de leitos, internações e óbitos - começarem a arrefecer. "Quando a curva cair, esse será o momento de iniciar a primeira fase da retomada. Qual é o dia? Não sei, o dia vai ser quando tivermos esses indicadores. Aí a gente começa a fazer a abertura", frisou o integrante do Executivo Estadual.

Arrecadação em queda

Após uma queda de 20% da arrecadação do Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) observada em março em meio aos impactos da pandemia do coronavírus, Élcio revelou que em abril essa retração deve chegar a 40%. "Isso compromete a nossa capacidade de investimento, mas ainda não está atingindo a nossa capacidade de pagar em dia nossos fornecedores e servidores", disse ele.

Durante a reunião, Élcio Batista mencionou ainda a importância de iniciativas pública e privada trabalharem de forma conjunta. "Eu sempre defendi que o setor privado deve trabalhar alinhado ao setor público. A gente tem que navegar junto".

Além do chefe da Casa Civil, Élcio Batista, também foi convidada pelo empresariado cearense a participar do encontro virtual a economista e sócia-head da Oliver Wyman, consultoria responsável pelo plano de retomada das atividades no estado de São Paulo, Ana Carla Abrão.

A economista pontuou que qualquer decisão sobre flexibi-lização é tomada com base nos indicadores de saúde e lembrou que o Brasil dispõe de uma capacidade hospitalar limitada. "A prioridade é garantir que tenhamos capacidade de atender a população que chega aos hospitais. Em cima dessa restrição é que a gente trabalha toda a discussão econômica", disse, lamentando a falta de harmonia entre Governo Federal e estados. "Está faltando liderança do ponto de vista federal".

Deusmar Queiroz, presidente do Conselho da rede de farmácias Pague Menos, demonstrou preocupação com a situação e revelou "dificuldade em ser otimista diante do momento". Também participaram da videoconferência com perguntas e exposições os empresários Beto Studart (BSPar e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria), Lauro Fiúza, sócio da Servtec, Romero Martins, diretor de operações Industriais, Tecnologia da Informação e Serviços de Infraestrutura do Grupo 3 Corações, além da presidente do Lide Ceará, Emília Buarque, que ressaltou a importância de discutir o assunto levando em consideração todos os aspectos que permeiam a retomada das atividades.





D/N

14 maio, 2020

Dez bairros de Fortaleza com mais mortes por Covid-19 estão na periferia

Na Barra do Ceará, o número de mortes aumentou em mais de sete vezes em menos de um mês, indo de seis para 45; avanço dos óbitos nas áreas pobres escancara abismo socioeconômico em Fortaleza
A Covid-19 pode até não escolher raça, gênero nem classe social, como muitos dizem, mas as mortes pela doença, pelo menos em Fortaleza, têm tido alvo certo: as áreas pobres da cidade. Seja pela impossibilidade de isolamento em moradias precárias, seja pela falta de acesso à saúde pública, o número de casos confirmados e de mortes rapidamente migrou da zona rica às mais vulneráveis. Hoje, dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) escancaram o abismo socioeconômico: dos dez bairros com mais mortes pela doença pandêmica, todos estão na periferia.
O novo coronavírus entrou pelas portas do Meireles e da Aldeota, na Regional II, que no primeiro boletim divulgado pela SMS, em 15 de abril, tinham 179 e 139 confirmações da doença, e eram seguidos por Cocó (65), Fátima (42) e Dionísio Torres (39), também considerados de alto padrão. Na lista dos dez mais infectados, à época, todos estavam entre os maiores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) de Fortaleza.
As mortes, contudo, já indicavam um caminho inverso. Apesar de, no referido boletim, contar com "apenas" 21 casos confirmados de Covid-19, a Barra do Ceará já ocupava a segunda posição em número de óbitos (6), atrás apenas do Meireles (7). Entre os dez maiores registros, estavam ainda Fátima (5), Aldeota, Cristo Redentor, Vicente Pinzón, José Walter e Jangurussu, cada um com quatro perdas confirmadas.
O relatório mais recente de casos e óbitos pelo novo coronavírus em Fortaleza foi divulgado nessa quarta-feira (13) pela SMS, e consolidou a conclusão infeliz de que a pandemia se somou aos já incontáveis castigos vivenciados pela pobreza na Capital. Apesar de não detalhar o número de confirmações por bairros, o boletim mostrou um crescimento exponencial dos óbitos em locais vulneráveis: a Barra do Ceará, por exemplo, aumentou em 7,5 vezes o número de mortes em menos de um mês, passando de seis para 45.
O segundo bairro com mais óbitos é o Vicente Pinzón (35), que apesar de ser vizinho de Meireles, Aldeota e Varjota, amarga um dos piores IDHs da Cidade. A lista dos dez pontos com maiores números de mortes por Covid-19 segue com Cristo Redentor (31), Cais do Porto (25), Vila Velha, Carlito Pamplona, Granja Lisboa (22 cada), Quintino Cunha, Planalto Ayrton Sena e José Walter (20 cada). Meireles, a título de comparação, tem 19 mortes, igualado a Mondubim e São João do Tauape. Já a Aldeota tem 18, junto com o Álvaro Weyne.
Isolamento
Quem vivencia os possíveis fatores para essa invasão do novo coronavírus à periferia é a líder comunitária Angela Maria de Sousa, de 67 anos, moradora da comunidade Raízes da Praia, no Vicente Pinzón. Ela relata que agente de saúde e água potável "só agora, depois da ação da Defensoria (Pública do Estado)". Além disso, afirma que "é impossível se isolar". "Estamos naquela pressão, uns com medo dos outros. Já perdemos duas pessoas, e tem mais doentes. Tem um senhor que mora com mais seis na mesma casa, só um vão com um banheiro. O pessoal é carente, não tem estrutura, os barracos são tudo de tábua, poucos de tijolo", descreve Angela.
O déficit habitacional e a ausência de ações de assistência social são decisivos para o avanço da pandemia, avalia Mariana Lobo, supervisora do Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas da Defensoria. "Uma necessidade grave é garantir o isolamento não só preventivo, mas após o diagnóstico da pessoa. Quando o posto de saúde vê que não é caso de internação, esquece de que muitos não têm condições de cumprir a quarentena" pontua.
O infectologista Robério Leite aponta que "o sistema de saúde já está com menos capacidade de dar resposta, e isso pode explicar o aumento de óbitos na periferia, que tem pouco acesso à saúde. Isso era inevitável, reflete a sociedade que nós criamos". Ele menciona ainda a falta de saneamento.
"Temos uma doença que transmite por gotículas, superfícies, mãos. Com pouca higienização, a taxa de contaminação tende a ser maior nesses locais".
Além da atenção em saúde, a defensora pública Mariana Lobo define as assistências social e econômica como cruciais. "Temos uma precariedade tanto no saneamento básico como na política habitacional, por exemplo. É preciso que a assistência social atue na ponta, esteja nessas comunidades para identificar os problemas, orientar, diagnosticar os locais mais vulneráveis e quem são os grupos de risco, para que exista uma retaguarda diante da Covid-19", analisa.
Em debate online organizado pela Defensoria, na última segunda-feira (11), o gerente da Vigilância Epidemiológica de Fortaleza, Antônio Lima, destacou como "raridade" o fato de uma doença altamente transmissível atingir primeiro a área nobre e depois migrar à periferia. "Nossa questão social é histórica. Em comunidades de baixo poder aquisitivo, habitações precárias, muitos habitantes por domicílio, casas sem janela, sem acesso à água potável, o isolamento se torna muito mais complexo do que em áreas nobres da cidade, em que se pode estar em casa com internet, alimentos providenciados, e não precisa estar preocupado com a sua sobrevivência", listou.
Ações
Ao mencionar o auxílio emergencial concedido pelo Governo Federal, Antônio também alertou para a necessidade de fortalecer a rede de proteção social e de executar o lockdown.

"As epidemias têm essa capacidade de revelar e potencializar as nossas desigualdades sociais e econômicas. E estamos vendo isso agora em Fortaleza e no interior, uma velocidade de propagação muito elevadas em áreas de densidade demográfica muito alta. Sobretudo no Pirambu, Cais do Porto, Serviluz, e descendo pra áreas mais vulneráveis. É uma pressão grande no sistema, reforçando a necessidade de isolamento social rígido".

Questionada sobre as ações desenvolvidas na periferia de Fortaleza para combate e prevenção ao novo coronavírus, a SMS informou que, dentre outras ações, a Prefeitura mantém as visitas domiciliares dos Agentes Comunitários de Saúde prioritariamente aos pacientes que são do grupo de risco (acamados, gestantes, puérpera até 45 dias pós-parto, idosos e pessoas com comorbidades). Esses profissionais, relata a pasta, fizeram mais de 1.300 visitas durante o período de isolamento social e identificaram 201 casos suspeitos.

Outra medida é a circulação de caminhões pulverizadores iniciada no dia 20 de abril, que jorram uma cortina de solução bactericida por cerca de 10 metros por onde passa. Até o momento, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o veículo e as equipes já percorreram vias em todas as regionais, em mais de 80 bairros e suas adjacências. Dentre eles, estão oito dos 10 bairros que mais registram mortes. A exceção são Cais do Porto e Vila Velha.

A SMS destacou, ainda, a distribuição de cestas básicas, na primeira etapa, destinadas a alguns profissionais autônomos e a beneficiários do Bolsa Família. Mas, segundo a pasta, até quarta-feira (13), apenas 40% do público contemplado foi alcançado pela busca telefônica realizada pela Prefeitura. Outra ação voltada à periferia é a disponibilização de renda auxiliar para feirantes, autônomos e ambulantes cadastrados junto à Prefeitura. O benefício é de 100 reais mensais.





D/N

Depois que morreu com suspeita de COVID-19, família aciona a polícia após ouvirem ‘choro’ em cemitério

Uma mulher que deu a luz a gêmeos morreu na terça-feira (12) na maternidade Frei Damião, em João Pessoa, com suspeita de coronavírus, após realizar o parto na Maternidade Cândida Vargas e ser transferida. No mesmo dia ela foi sepultada na cidade de Caaporã onde morava, com determinações expressas da Secretaria de Saúde do Estado e municípios, tendo em vista o perigo de contágio.

Relatos nas redes sociais apontam que parentes acreditam que ela foi enterrada viva, pois ouviram o choro da mulher ao visitar o cemitério na manhã de quarta-feira (13) e acionaram a polícia para desenterrar o corpo.

O delegado Francisco Basílio que atende as ocorrências no Litoral Sul, confirmou que foi procurado por um familiar que relatou o fato, informando que a família acredita que a jovem mãe teria sido enterrada com vida, apontando que a mãe dela ouviu o choro quando foi ao cemitério na manhã seguinte ao sepultamento. Foi solicitada a certidão de óbito ao parente, mas ele não estava com o documento no momento e disse que iria buscar e voltaria para registrar a ocorrência, fato que não aconteceu até o momento.

Há informações que a família teria desenterrado o corpo com apoio da Polícia Militar em cumprimento a uma ordem judicial, mas, o delegado afirmou que não existiu essa ação de forma oficial.

“Não teve ordem judicial, não teve presença de efetivo policial e muito menos o Instituto de Polícia Cientifica foi acionado, pois é o órgão oficial para realizar esse procedimento, caso a justiça autorizasse. Se houvesse tal ordem, o delegado e sua equipe ou a polícia militar iriam cumprir, porém, não houve nada disso. Se alguém desenterrou o corpo sem essa autorização, cometeu um crime que será investigado”, disse Francisco Basílio.

Relatos de um parente também aponta erro médico e diz o seguinte:

“A moça que morreu ontem é da minha família, vou tentar resumir o máximo porque não devemos satisfações a cobras. Ela tinha doença no coração desde nascença, semana passada deu a luz a gêmeos no hospital Cândida Vargas, segunda-feira ela passou mal e a médica deu a medicação Berotec, medicamento que não pode ser dado a cardíaco.

Daí foi o fim de uma vida, a medica transferiu ela para a Frei Damião aonde ela já chegou e foi entubada com urgência e faleceu. A mãe não se conforma de não ter visto e velado o corpo da filha, hoje conseguiu ordem judicial para isso, e foi lá para abrir o caixão e vê a filha que foi enterrada”.




Fonte: Portal do Litoral

A Reinauguração do C.E.I Monsenhor Murilo de Sá Barreto em Barbalha

A cidade de Barbalha, conhecida por sua rica cultura e tradições, está prestes a celebrar um momento significativo na área da educação. O se...