21 junho, 2012

10 mil pessoas participam da 16ª Romaria das Águas e da Terra


Convocados pela Comissão Pastoral da Terra de Minas Gerais e também pela diocese de Governador Valadares (MG), reuniram-se mais de 10 mil lideranças de base e dos diversos movimentos sociais, para celebrar a 16ª Romaria das Águas e da Terra. Partindo da Paróquia São Judas Tadeu, os romeiros fizeram uma caminhada de quatro quilômetros, às margens do Rio Doce, relembrando os mártires da caminhada e participando do emocionante e significativo encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, trazida de barco pelos pescadores e São Francisco de Assis. Seguiram em caminhada até um mirante, onde foi fincada uma cruz que permanecerá como símbolo compromisso da Romaria.
Houve paradas para apresentar testemunhos e denúncias, sinalizando a realidade e os desafios em relação a terra, água e direitos.
Sob a coordenação do assessor da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, padre Nelito Dornelas, os romeiros foram conduzidos ao local da celebração eucarística, presidida pelo bispo de Governador Valadares, dom Werner Siebenbrock, com a presença de dom  Aloísio Vitral, de Teófilo Otoni (MG) e de diversos padres, com a participação da pastora Sônia, da igreja Metodista e dos indígenas Pataxó.
Ao final da celebração, foram distribuídos brotos de mandioca como símbolo de resistência dos povos da terra. Em seguida procedeu-se a leitura da carta compromisso da Romaria.
Carta dos romeiros e romeiras da 16ª Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais
Tudo que existe proclama: teu reino é reino de todos os séculos, teu domínio se estende a todas as gerações (Sl 145, 13).
Do Senhor é a terra com o que ela contém, o universo e os que nele habitam (Sl 24,1-2)
Nós, romeiros e romeiras, dos diversos Vales e Montanhas de Minas Gerais, campos e cidades, reunimo-nos em Governador Valadares, às margens do Rio Doce e aos pés do pico da Ibituruna, para celebrar a 16ª Romaria das Águas e da Terra, sob o lema: das montanhas e vales férteis brote o compromisso com a vida e a saúde de seus povos!
Nesta caminhada romeira, refletimos sobre a realidade do nosso planeta, escutando o grito que sai da terra, das águas e dos seus filhos.
Testemunhamos que a conquista e a ocupação das terras em nosso País e a luta pela sobrevivência das pessoas que nelas convivem e trabalham são frutos de uma batalha desigual. De um lado, os devoradores da natureza, provocando uma verdadeira idolatria da terra e das águas, transformando tudo em mercadoria e fonte de lucro e riqueza para alguns. De outro, a identidade e a cultura dos povos e grupos sociais que vivem e convivem com a terra e dela cuidam como a mãe natureza.
Assistimos, hoje, às consequências dessa mercantilização da natureza: menos solos disponíveis para a agricultura camponesa e mais solos para o agronegócio e o agrotóxico, aumento dos monocultivos extensivos e intensivos, expansão da mineração, exploração violenta da mão de obra, invasão dos territórios das comunidades tradicionais; menos água de qualidade para a população e mais água para o hidronegócio e os grandes projetos; alternância de secas e enchentes, mais pragas, gerando uma intensa instabilidade na natureza, aumentando a migração e prejudicando a vida nas cidades e a saúde da população.
Conscientes de que não temos o controle absoluto sobre a Terra, pois dela dependemos para viver e conviver, queremos nos relacionar com ela como criatura e dom, nossa mãe e nossa casa: bonita, aberta a todas as pessoas, sem distinção alguma, pois todos e tudo que existe somos parte essencial da vida que nos foi dada pelo Criador. Por isso, não basta ouvir só o clamor dos filhos da terra. É preciso ouvir o grito ensurdecedor que sai da mãe terra e da irmã água.
Para preservar a vida do planeta e no planeta, nos comprometemos na promoção de políticas públicas que garantam para todas as pessoas o direito à água, ao ar puro, ao solo não contaminado, à segurança e à soberania alimentar e à saúde pública de qualidade e universal. Reafirmamos a necessidade ética de preservar o meio ambiente, protegendo e restaurando a diversidade, a integridade e a beleza dos ecossistemas do planeta, vivendo de modo sustentável, promovendo e adotando formas de consumo, produção e comercialização que respeitem e salvaguardem os direitos de todas as pessoas, o bem-estar comunitário e as capacidades regenerativas da terra.

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